A Polícia Civil de São Paulo está imersa em uma investigação aprofundada sobre a fuga de um detento do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Caraguatatuba, ocorrida no Litoral Norte paulista. O principal foco da apuração é determinar se a evasão, protagonizada por Maiky Entonny Venâncio França, acusado de homicídio e tentativa de homicídio em Minas Gerais, foi facilitada por falhas internas ou por eventual conivência. A ação, registrada em menos de dois minutos pelas câmeras de segurança da unidade, levanta sérias questões sobre a segurança prisional e a integridade dos protocolos. Maiky havia sido capturado em Ilhabela, em fevereiro deste ano, após mais de um ano e meio foragido, e sua recaptura é agora prioridade máxima para as forças de segurança.

A engenharia da fuga: detalhes e planejamento

O papel estratégico do detento e as falhas de segurança

A fuga de Maiky Entonny Venâncio França, um detento com um histórico de acusações graves, não foi um ato impulsivo, mas sim uma ação que, segundo as primeiras análises e o boletim de ocorrência, demonstra indícios de planejamento meticuloso. Maiky, em virtude de sua função interna de limpeza no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Caraguatatuba, possuía acesso a áreas consideradas críticas da unidade prisional. Essa prerrogativa permitiu que ele explorasse vulnerabilidades operacionais e falhas nos protocolos de segurança, especificamente no setor de revista de visitantes e funcionários, bem como em áreas adjacentes à portaria principal.

A investigação policial, que se baseia na análise das imagens das câmeras de segurança, revelou detalhes surpreendentes da execução da fuga. Um dia antes de sua evasão, o detento empregou um engenhoso artifício: utilizou um saco plástico para camuflar o ferrolho de uma portinhola localizada no setor de revista. Essa tática visava simular visualmente o fechamento seguro da passagem, enquanto, na realidade, criava uma folga essencial para sua posterior evasão. Além disso, para dificultar a detecção e obstruir a visão direta de seu estratagema, Maiky posicionou cadeiras de maneira estratégica, explorando o que os investigadores denominaram de “segurança por obscuridade”.

O método empregado por Maiky sugere não apenas um conhecimento aprofundado da rotina e da estrutura do CDP, mas também uma capacidade de observação apurada das falhas existentes. A duração da fuga, que se concretizou em menos de dois minutos, reforça a hipótese de um plano pré-concebido e executado com precisão. A Polícia Civil agora busca determinar se Maiky agiu sozinho, aproveitando-se exclusivamente dessas falhas estruturais e operacionais, ou se houve a participação ou auxílio de outras pessoas, o que agravaria ainda mais a situação e ampliaria o escopo da investigação. A exploração das vulnerabilidades por um detento com acesso a áreas sensíveis acende um alerta sobre a necessidade de revisão e reforço dos procedimentos de segurança em unidades pracionais.

As investigações e as repercussões institucionais

Apuração de responsabilidades e medidas administrativas

Após a fuga de Maiky Entonny Venâncio França do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Caraguatatuba, as autoridades agiram com celeridade para apurar as responsabilidades e implementar medidas administrativas. A Polícia Civil de São Paulo, por meio da Delegacia de Caraguatatuba, assumiu a frente das investigações. Seis agentes penitenciários que estavam de serviço no local no dia da ocorrência foram ouvidos, e as imagens das câmeras de segurança da unidade estão sendo meticulosamente analisadas em busca de qualquer indício que possa esclarecer as circunstâncias da evasão. Os depoimentos colhidos até o momento apontam para a existência de “falhas críticas nos procedimentos de segurança”, o que intensifica o foco da investigação na atuação dos funcionários. A apuração visa determinar se houve negligência, imprudência ou até mesmo prevaricação por parte dos servidores.

Paralelamente à investigação policial, a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) de São Paulo tomou medidas internas imediatas. No mesmo dia da fuga, o chefe de departamento do CDP de Caraguatatuba foi exonerado de sua função, em um claro sinal da gravidade com que a pasta tratou o ocorrido. Além da exoneração, a SAP instaurou um procedimento administrativo interno para aprofundar a apuração das responsabilidades dentro da própria instituição. Um substituto para o cargo de chefe de departamento já foi designado, visando garantir a continuidade e a reestruturação da gestão da unidade.

A Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo, em nota, reforçou o compromisso com a elucidação completa do caso. O incidente também joga luz sobre as condições do CDP de Caraguatatuba. Localizado em uma área afastada do município, no bairro Porto Novo, a unidade enfrenta um desafio crônico de superlotação. Apesar de ter uma capacidade oficial para abrigar 751 detentos, o CDP atualmente custodia 1.242 indivíduos, de acordo com dados da própria SAP. Essa superlotação pode comprometer a eficiência dos protocolos de segurança e a gestão diária da unidade, criando um ambiente mais propenso a incidentes como a fuga.

O perfil do fugitivo e a controvérsia da defesa

Maiky Entonny Venâncio França, o detento que protagonizou a fuga do CDP de Caraguatatuba, é um nome que carrega acusações sérias perante a Justiça de Minas Gerais. Ele é acusado pelo Ministério Público mineiro de ter cometido um homicídio a tiros e ferido outro homem durante uma festa na cidade de Sacramento, em 2023. Essa acusação de extrema gravidade o colocou na mira das autoridades, resultando em sua prisão em Ilhabela, no Litoral Norte de São Paulo, em fevereiro deste ano, após um período de mais de um ano e meio foragido. Sua recaptura, naquela ocasião, representou um sucesso para as forças de segurança, agora revertido pela recente evasão.

A defesa de Maiky Entonny Venâncio França manifestou-se por meio de nota oficial, expressando surpresa com a notícia da fuga. Os advogados informaram que, até o momento da declaração, não haviam conseguido estabelecer contato direto com seu cliente. Na nota, a defesa argumenta que a razão para o “extremado ato” da fuga pode ter sido o resultado da frustração de Maiky com o que consideram uma “prisão injusta”.

Os advogados pintam um perfil de Maiky que contrasta com as acusações que pesam sobre ele. Segundo a defesa, Maiky é um empresário originário de Franca, São Paulo, que “nunca teve passagens pela polícia”. Pelo contrário, a nota afirma que ele teria sido vítima de sequestro semanas antes dos fatos que culminaram em sua prisão. A defesa sustenta que Maiky agiu em legítima defesa após ter sido agredido por, ao menos, três pessoas durante a festa em Sacramento, evento que está sendo preparado para ser provado perante um júri.

Quanto à fuga em si, os advogados reiteraram que não possuem informações concretas sobre o que de fato aconteceu e que estão à disposição das autoridades para quaisquer esclarecimentos futuros. A nota finaliza enfatizando que a defesa “não compactua com esta atitude”, demarcando-se do ato de evasão, mas mantendo a linha de argumentação sobre a suposta injustiça da prisão de seu cliente. Essa declaração adiciona uma camada de complexidade ao caso, confrontando as evidências de planejamento da fuga com a narrativa de um homem que se considera vítima de um sistema.

Conclusão

A fuga de Maiky Entonny Venâncio França do CDP de Caraguatatuba, um detento acusado de crimes graves, acende um alerta sobre a segurança e a gestão do sistema prisional brasileiro. A investigação em curso, que busca desvendar se a evasão foi facilitada por falhas estruturais ou por eventual colaboração interna, é crucial para restaurar a confiança pública e garantir a integridade das unidades de detenção. As rápidas medidas administrativas, como a exoneração do chefe de departamento e a instauração de procedimentos internos, demonstram a seriedade com que as autoridades estão tratando o incidente. Contudo, a superlotação do CDP de Caraguatatuba, um problema crônico enfrentado por diversas unidades prisionais, expõe um desafio fundamental que precisa ser endereçado para evitar futuras ocorrências. A transparência na apuração e a implementação de protocolos de segurança mais robustos são essenciais para assegurar que falhas como as identificadas neste caso sejam corrigidas, protegendo a sociedade e garantindo a responsabilidade dentro do sistema penitenciário.

Perguntas frequentes

Quem é Maiky Entonny Venâncio França e quais são as acusações contra ele?
Maiky Entonny Venâncio França é o detento que fugiu do CDP de Caraguatatuba. Ele é acusado pelo Ministério Público de Minas Gerais de ter cometido um homicídio a tiros e ferido outra pessoa durante uma festa na cidade de Sacramento, em 2023.

Como a fuga do CDP de Caraguatatuba foi planejada e executada?
A fuga foi planejada por Maiky Entonny Venâncio França, que utilizou sua função interna de limpeza para ter acesso a áreas críticas. Ele usou um saco plástico para camuflar o ferrolho de uma portinhola e posicionou cadeiras estrategicamente para obstruir a visão, simulando segurança e criando uma brecha para a evasão em menos de dois minutos.

Quais as medidas tomadas pelas autoridades após a fuga?
A Polícia Civil de Caraguatatuba iniciou uma investigação, ouvindo seis agentes e analisando imagens de segurança. A Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) exonerou o chefe de departamento do CDP e instaurou um procedimento administrativo interno para apurar responsabilidades.

A defesa do fugitivo se manifestou sobre o ocorrido?
Sim, a defesa de Maiky Entonny Venâncio França expressou surpresa com a fuga, alegando não ter tido contato direto com ele. Sugere que o ato pode ter sido resultado de frustração com uma “prisão injusta” e reitera que Maiky é um empresário sem passagens pela polícia, que agiu em legítima defesa, sem compactuar com a fuga.

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Fonte: https://g1.globo.com

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