Em um mundo fascinado pela inteligência artificial, a natureza persiste em surpreender com suas próprias criações extraordinárias. Um exemplo notável é o sapo galáxia (Melanobatrachus indicus), um anfíbio peculiar cuja aparência remete a um céu noturno salpicado de estrelas brilhantes.
Este anfíbio singular reside em uma área limitada dos Gates Ocidentais da Índia, uma cordilheira nas florestas úmidas dos estados de Kerala e Tamil Nadu. A sua presença natural não é registrada no Brasil.
A coloração distintiva do sapo galáxia desempenha um papel vital na sua sobrevivência. Em ambientes escuros, os seus tons escuros pontilhados com manchas claras proporcionam uma camuflagem eficaz entre folhas, galhos em decomposição e ao longo das margens de riachos.
Adicionalmente, a sua aparência chamativa serve como um aviso para potenciais predadores, sinalizando que ele é um anfíbio tóxico. Este mecanismo de defesa, conhecido como aposematismo, aumenta as suas chances de evitar ataques.
“Como vários membros da família Mycrohidae, o sapo galáxia possui toxinas na pele, que representam a sua primeira linha de defesa. O padrão de manchas e ‘estrelas’ também quebra o contorno do corpo do sapo no solo, tornando mais difícil para os predadores localizá-lo”, explica o biólogo George Xavier.
Encontrar este anfíbio não é tarefa fácil, uma vez que habita áreas úmidas e densas, com altitudes entre 900 e 1.200 metros. Além disso, o seu comportamento reservado contribui para a sua raridade. “O comportamento é típico de espécies noturnas, dificultando o encontro na natureza”, observa o professor de biologia Flávio Araújo.
Nas florestas úmidas indianas, o sapo galáxia habita pequenos grupos isolados, alimentando-se de formigas, besouros, aranhas e outros pequenos insetos e invertebrados.
“Ele também atua como presa e fonte de alimento para serpentes e aves, e pode ser utilizado como bioindicador, atestando as condições de saúde do ambiente em que se encontra”, destaca o biólogo Mateus Almeida dos Santos.
Uma característica peculiar do sapo galáxia reside na sua comunicação. Ao contrário da maioria dos sapos, ele não utiliza sons para se comunicar. Acredita-se que ele “fala” com os seus semelhantes através de uma combinação de sinais visuais e químicos.
“Os machos não possuem saco vocal – bolsa de pele no pescoço que serve para amplificar o som dos coaxos. Esta característica o torna ainda mais único no mundo dos anfíbios”, complementa o professor.
Apesar do seu estilo de vida discreto, o sapo galáxia enfrenta a ameaça de extinção, classificado como “em perigo” pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). A perda de habitat representa a principal ameaça à sua sobrevivência. “A região onde o animal ocorre sofre constantemente com o desmatamento da vegetação nativa para dar lugar a plantações de chá, muito consumido por lá”, explica Santos.
As plantações também contribuem para a poluição ambiental devido ao uso de pesticidas. As mudanças climáticas representam outro fator que contribui para o declínio das populações desta espécie rara.
Fonte: www.metropoles.com

