Ilhabela, um dos destinos turísticos mais procurados no Litoral Norte de São Paulo, enfrenta um cenário de devastação após ser atingida por um temporal de grandes proporções na noite da última terça-feira, 16 de maio. A fúria da natureza resultou em duas mortes e deixou um rastro de destruição, forçando dezenas de famílias a abandonarem suas residências. O balanço inicial, atualizado na tarde de quarta-feira, 17 de maio, confirmou 120 pessoas desalojadas, buscando refúgio em casas de amigos e parentes, e quatro indivíduos desabrigados, que perderam completamente seus lares. Autoridades locais e estaduais mobilizam esforços para prestar assistência às vítimas e mitigar os impactos da tragédia, com a abertura de abrigos emergenciais e a organização de campanhas de arrecadação de doações para os afetados por essa catástrofe natural que abalou a comunidade insulana.

O Balanço Trágico e o Apoio Humanitário em Ilhabela

As Vítimas e a Busca por Abrigo

A intensidade das chuvas que castigaram Ilhabela desencadeou uma crise humanitária imediata, com 120 pessoas desalojadas e quatro desabrigadas, conforme dados divulgados pela Defesa Civil de São Paulo. É crucial entender a distinção entre esses termos para compreender a magnitude do impacto. Desalojados são aqueles que, diante de um risco iminente, precisam deixar suas casas temporariamente, mas encontram acolhimento em moradias de familiares ou amigos. Já os desabrigados, em situação mais vulnerável, perderam suas residências em decorrência do desastre e necessitam de abrigo público ou apoio governamental. Para atender a essa demanda emergencial, a administração municipal prontamente disponibilizou seis escolas da rede pública como pontos de acolhimento. As instituições que estão recebendo as famílias afetadas incluem a Escola Municipal Eva Esperança Silva, a Escola Municipal Iracema França Lopes Correa e a Escola Municipal Pref. Roberto Fazzini, localizadas em Água Branca e Estrada da Toca, respectivamente. Complementam a lista a Escola Municipal Maria Catarina de Camargo Roefero, no bairro Reino, e as Escolas Municipais Pref. Eurípedes da Silva Ferreira e Dr. Salvador Arena, ambas situadas na Barra Velha. Essa rede de apoio visa garantir segurança e conforto mínimos às famílias que se viram de repente sem um teto.

Campanha de Doações e Solidariedade

Diante da extensão dos estragos e da urgência em assistir as famílias impactadas, uma robusta campanha de doações foi lançada em Ilhabela e na região. A Prefeitura local está recebendo ativamente itens essenciais para auxiliar os atingidos. A comunidade é incentivada a doar alimentos não perecíveis, garantindo a nutrição das famílias; itens de higiene pessoal e limpeza, cruciais para a saúde pública e o bem-estar; roupas e calçados em bom estado de conservação, para que os desalojados e desabrigados possam se vestir adequadamente; roupas de cama e banho, fundamentais para o conforto e a higiene básica; além de água mineral, um recurso vital em qualquer situação de emergência. A solidariedade se estende para além das fronteiras municipais, com o Fundo Social de São Sebastião também abrindo um ponto de coleta de doações. Os interessados em contribuir podem se dirigir à sede do Fundo Social, localizada na Rua Capitão Luiz Soares, número 33, no Centro, com atendimento de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. A mobilização conjunta busca amenizar o sofrimento das vítimas e acelerar o processo de recuperação, demonstrando a força da comunidade em momentos de adversidade.

Os Impactos Devastadores da Catástrofe Natural

Histórias de Perda: As Duas Vítimas Fatais

O temporal que se abateu sobre Ilhabela na terça-feira (16) ceifou duas vidas, mergulhando a comunidade em luto. As fatalidades, confirmadas pela Defesa Civil do Estado de São Paulo, ilustram a brutalidade da força da natureza. Uma das vítimas foi Artemio Guedes, um idoso de 78 anos. Ele foi tragicamente soterrado após um deslizamento de terra no bairro Zabumba, na Rua Deolino Mariano Leite, região da Barra Velha. O volume de água e terra foi tão intenso que um muro que dividia dois terrenos cedeu, atingindo o Sr. Artemio no momento em que ele tentava fechar o portão de sua residência. Uma operação de busca e resgate foi imediatamente montada, envolvendo o Corpo de Bombeiros e o auxílio de uma retroescavadeira. Após cerca de duas horas de buscas incessantes, o corpo do idoso foi finalmente encontrado sob os escombros. O imóvel em questão foi prontamente interditado devido ao severo comprometimento estrutural, evidenciando o risco persistente. A segunda vítima foi Angelo Ricardo Repetto, de 84 anos. O idoso foi arrastado pela forte correnteza que se formou na Avenida Faria Lima, no bairro Água Branca. O aumento súbito e drástico do nível das águas de uma cachoeira próxima gerou uma correnteza avassaladora, que desprendeu um deck nos fundos da casa onde o Sr. Angelo se encontrava. Equipes da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros iniciaram as buscas, localizando o corpo do idoso sem vida, em um desfecho que chocou a todos e ressalta a vulnerabilidade diante de fenômenos climáticos extremos.

Cenário de Destruição e Interdições

Além das perdas humanas, o temporal deixou um rastro de destruição física em Ilhabela, alterando drasticamente a paisagem e a infraestrutura do município. Quedas de árvores foram registradas em diversos pontos, bloqueando vias e apresentando riscos adicionais. Taludes, responsáveis pela contenção de encostas, não suportaram a pressão da água e cederam, gerando novos deslizamentos e preocupação entre os moradores. A infraestrutura viária sofreu danos significativos; a Ponte Ernesto de Oliveira X Mazagão, por exemplo, foi completamente interditada devido a danos estruturais severos, comprometendo o tráfego e a conexão entre regiões. A Estrada do Parque de Castelhanos também foi interditada, mas por uma razão diferente: um deslizamento de terra isolou completamente o bairro, deixando seus moradores ilhados, sem a possibilidade de entrar ou sair da área afetada. O cenário de Ilhabela durante o pico das chuvas foi de caos, com ruas completamente alagadas e a força da correnteza arrastando carros e detritos. Os pluviômetros registraram volumes alarmantes: 113 milímetros de chuva em apenas 12 horas e um total de 154 milímetros em um período de 24 horas, evidenciando a excepcionalidade do evento. Mesmo na manhã seguinte, a quarta-feira, 17 de maio, a chuva persistia, mantendo o alerta e a apreensão na ilha.

Resposta Coordenada e Perspectivas de Recuperação

A resposta ao desastre em Ilhabela tem sido marcada por uma coordenação intensiva entre as autoridades municipais e estaduais, bem como pela mobilização da comunidade. Desde o primeiro momento, equipes da Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e serviços de assistência social atuaram incansavelmente no resgate, socorro e apoio às vítimas. A celeridade na abertura de abrigos e na organização das campanhas de doação demonstra o compromisso em minimizar o sofrimento imediato da população. Contudo, o caminho para a plena recuperação será longo e desafiador. Ilhabela, conhecida por suas belezas naturais, agora enfrenta a tarefa de reconstrução de infraestruturas danificadas, realocação de famílias e, acima de tudo, a superação do trauma coletivo. A resiliência dos moradores, aliada à solidariedade externa, será fundamental para restaurar a normalidade e fortalecer as medidas preventivas contra futuros eventos climáticos extremos. A tragédia serve como um lembrete contundente da urgência em investir em planejamento urbano, mapeamento de áreas de risco e sistemas de alerta eficazes, garantindo que a beleza paradisíaca da ilha não seja ofuscada pela vulnerabilidade de sua população diante das intempéries da natureza.

Fonte: https://g1.globo.com

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