Em meio a um cenário de caos e indignação na capital paulista, um vídeo envolvendo funcionários terceirizados da Enel gerou intensa repercussão e críticas nas redes sociais. A cidade de São Paulo e sua região metropolitana enfrentavam um massivo apagão desde a quarta-feira (10 de dezembro), consequência de um vendaval histórico que devastou a infraestrutura de energia. Na sexta-feira (12), enquanto mais de meio milhão de clientes ainda aguardavam o restabelecimento do serviço elétrico, imagens de três homens, identificados como colaboradores de uma empresa parceira da concessionária, gravando uma “dancinha” na movimentada Avenida Paulista vieram à tona. A cena provocou uma onda de descontentamento, questionando a sensibilidade e o timing da ação em um momento de grave crise para a população.
A controvérsia da “dancinha” em meio à crise energética
O cenário do apagão em São Paulo
A metrópole de São Paulo e cidades vizinhas foram atingidas por um vendaval de proporções históricas na quarta-feira, 10 de dezembro, resultando em um dos maiores apagões dos últimos tempos. Centenas de milhares de residências e estabelecimentos comerciais ficaram sem energia elétrica, impactando severamente a rotina de milhões de cidadãos. Comércios fecharam, sistemas de comunicação foram comprometidos, e a falta de energia gerou transtornos que variavam da perda de alimentos a problemas de segurança e saúde. A lentidão no restabelecimento do serviço pela concessionária Enel intensificou a frustração e a revolta popular, colocando a qualidade do fornecimento de energia no centro do debate público. A situação já se arrastava por dias, com muitos bairros ainda às escuras na sexta-feira, dia 12.
A gravação na Avenida Paulista e a reação social
Foi neste contexto de angústia e prejuízos que o vídeo de três homens dançando na Avenida Paulista, uma das mais icônicas vias da capital, viralizou. As imagens mostravam os indivíduos com vestimentas identificáveis com a prestação de serviços, em uma coreografia descontraída. Rapidamente, o vídeo foi associado à Enel e aos prestadores de serviço que deveriam estar focados na recuperação da energia. A repercussão nas redes sociais foi imediata e majoritariamente negativa. Usuários expressaram indignação com o que consideraram uma falta de respeito e sensibilidade para com a situação de emergência enfrentada pela população. Comentários criticavam a aparente despreocupação dos envolvidos em um momento em que famílias inteiras sofriam com a falta de eletricidade, evidenciando o abismo entre a percepção pública e a ação dos envolvidos.
As explicações das empresas envolvidas
O posicionamento da Enel
Diante da avalanche de críticas, a Enel se manifestou por meio de nota oficial. A concessionária esclareceu que os indivíduos presentes no vídeo eram funcionários de uma empresa terceirizada e informou ter acionado a STN (empresa responsável pela equipe) para que as “medidas cabíveis” fossem adotadas. A Enel também buscou contextualizar a situação do apagão, afirmando que cerca de 99% dos clientes afetados já haviam tido a energia restabelecida até aquele momento. A empresa tem enfrentado crescente pressão por parte dos órgãos reguladores e da justiça. Na noite de sexta-feira, a justiça havia determinado o restabelecimento do serviço em até 12 horas para os clientes ainda sem energia, sublinhando a urgência e a gravidade da situação.
A defesa da empresa terceirizada
A empresa terceirizada, responsável pelos funcionários que apareceram no vídeo, também se pronunciou. Em sua defesa, a companhia explicou que a gravação fazia parte de uma produção de vídeo institucional natalino. O objetivo, segundo a empresa, era “exclusivamente transmitir a alegria, o engajamento e o orgulho de pertencer à nossa organização”. A nota também enfatizou que os três homens nas imagens não eram eletricistas ou possuíam qualquer função operacional diretamente ligada ao restabelecimento de energia. A empresa salientou ainda que não teve “a intenção de se associar a fatos externos” e que a escolha do local e a data da gravação em São Paulo foram definidas por “fatores logísticos, cronograma, deslocamento da equipe e restrição de tempo”, cumprindo uma agenda pré-estabelecida.
Histórico de falhas e o futuro da concessão da Enel
Deterioração dos serviços e ações judiciais
A polêmica da “dancinha” acendeu novamente os holofotes sobre a qualidade dos serviços prestados pela Enel em São Paulo. Nos últimos 12 meses, a concessionária tem apresentado uma notável piora nos índices de duração e frequência de interrupções no fornecimento de energia, com resultados considerados os piores desde, pelo menos, 2022. Essa deterioração tem sido acompanhada de um aumento nas reclamações e em episódios de apagões prolongados, como os registrados em outubro de 2024 e novembro de 2023, que também deixaram milhares de consumidores sem energia por dias. A Enel Distribuição São Paulo chegou a solicitar ao governo federal a antecipação da prorrogação de seu contrato de concessão por 30 anos, um pedido que, em outubro, foi temporariamente suspenso pela Justiça.
Recomendações de intervenção federal
A série de falhas e a insatisfação crescente com os serviços da Enel levaram a questões mais profundas sobre a gestão da concessionária. A área técnica do Tribunal de Contas da União (TCU) chegou a emitir uma recomendação expressa para que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) avaliasse a possibilidade de uma intervenção federal na empresa. Tal medida, que implica na tomada temporária da gestão da companhia pelo governo, já foi aplicada no passado, como ocorreu com o grupo Rede Energia entre 2012 e 2014, em um esforço para estabilizar e garantir a continuidade dos serviços essenciais. A sugestão do TCU reflete a gravidade da situação e a preocupação dos órgãos de controle com a capacidade da Enel de cumprir com suas obrigações contratuais e garantir um fornecimento de energia adequado à população paulista.
A necessidade de accountability e o clamor público
O episódio do vídeo viral, somado ao histórico de falhas no fornecimento de energia e à morosidade na resposta a crises, cristalizou um sentimento generalizado de insatisfação e desconfiança em relação à Enel. Enquanto a concessionária defende seus esforços e a empresa terceirizada justifica sua ação de marketing, a população de São Paulo exige mais do que explicações; demanda soluções concretas e um serviço que atenda às suas necessidades básicas. A crise do apagão e a polêmica subsequente evidenciam a complexidade da gestão de serviços essenciais em grandes centros urbanos e a importância da accountability de empresas e órgãos reguladores. O debate segue aberto, com a opinião pública e as autoridades atentas aos próximos passos e às garantias de um futuro com energia estável e confiável.
Perguntas frequentes (FAQ)
O que gerou a polêmica envolvendo a Enel em São Paulo?
Um vídeo de funcionários terceirizados da Enel dançando na Avenida Paulista viralizou enquanto a capital paulista enfrentava um grande apagão após um vendaval, gerando críticas pela falta de sensibilidade em um momento de crise.
Qual foi a justificativa para a gravação do vídeo?
A empresa terceirizada explicou que a gravação era parte de um vídeo institucional natalino, com o objetivo de transmitir alegria e engajamento. Ela também afirmou que os funcionários envolvidos não eram eletricistas ou operacionais, e que a gravação seguia um cronograma pré-definido.
Qual é o histórico da Enel com relação a falhas no serviço?
A Enel tem sido alvo de diversas críticas pela piora nos índices de interrupção de energia nos últimos 12 meses, com apagões prolongados em outubro de 2024 e novembro de 2023. Isso levou a recomendações do TCU para que a Aneel avalie uma possível intervenção federal na companhia.
Mantenha-se informado sobre as últimas notícias e exija serviços de qualidade em sua comunidade.
Fonte: https://jovempan.com.br

