Três casas de repouso operando de forma clandestina em Ribeirão Preto, São Paulo, expuseram quase 50 idosos a condições precárias e inseguras. Os locais, situados nos bairros Marincek, Alto da Boa Vista e Centro, estavam longe de oferecer o mínimo de conforto.
A responsável pelos estabelecimentos, Eva Maria de Lima, de 40 anos, ignorou diversas ordens judiciais que determinavam o fechamento das unidades e continuou a receber novos residentes. De acordo com o promotor de Justiça da Pessoa Idosa, Carlos Cezar Barbosa, após a primeira liminar em junho, Eva transferiu sete idosos da unidade Marincek para um novo imóvel no Parque Ribeirão.
Em 2 de outubro, após denúncias de vizinhos, o local foi interditado e os idosos resgatados. Eva foi presa e será investigada por maus-tratos e abandono. O promotor Barbosa descreveu as casas de repouso como “depósitos de idosos”, destacando a exploração financeira por trás do esquema.
As mensalidades cobradas por Eva chegavam a R$ 2,5 mil. Em alguns casos, famílias complementavam o valor do Benefício de Prestação Continuada dos idosos para manter o pagamento. Segundo o promotor, os residentes eram, em sua maioria, pessoas pobres que necessitavam de assistência social e poderiam ter sido acolhidos por instituições filantrópicas.
A defesa de Eva nega as acusações, alegando que sempre houve zelo, respeito e dedicação para garantir a qualidade de vida dos idosos assistidos, muitos deles de baixa renda e abandonados pelas famílias.
As investigações envolvendo o Ministério Público, a Vigilância Sanitária, as secretarias de Assistência Social e Saúde e a Polícia Civil começaram em abril, com a suspeita de que os idosos sofriam maus-tratos e viviam em ambientes insalubres e com alimentação inadequada. Eva poderá ser responsabilizada por expor idosos a perigo, submetendo-os a condições desumanas ou degradantes, e privando-os de alimentos e cuidados essenciais, conforme previsto no Estatuto do Idoso.
O promotor Barbosa enfatiza a importância da presença familiar em lares de longa permanência, com visitas regulares e acompanhamento da situação dos idosos. Ele sugere que as famílias observem o bem-estar, humor e possíveis sinais de negligência, como excesso de sedativos, falta de higiene nos quartos e a forma como os funcionários tratam os residentes. As visitas nas casas mantidas por Eva eram restritas e as pessoas que trabalhavam no local eram contratadas por diária e monitoradas por câmeras, com restrição ao uso de celulares.
Fonte: g1.globo.com

