Um projeto inovador de falcoaria no Bosque e Zoológico Fábio Barreto, em Ribeirão Preto, São Paulo, está oferecendo uma nova chance para aves resgatadas. As aves, provenientes do Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres (Cetras) Morro do São Bento, passam por um processo especializado para recuperar força e equilíbrio, essenciais para o voo.

O projeto funciona como uma espécie de fisioterapia para as aves que não podem ser imediatamente reintegradas à natureza. “Os animais que foram reabilitados na parte clínica, nutricional e comportamental no Cetras vêm para a equipe do zoológico para passar por um procedimento como se fosse uma fisioterapia”, explica o médico veterinário Pedro Favaretto, ressaltando a importância de mostrar esse trabalho ao público.

Entre os “alunos” do projeto estão Atenas, uma coruja orelhuda em fase de aprendizado de voo; Zeus, um gavião-de-rabo-curto em recuperação de uma fratura na asa; e Morfeu, um carcará que busca recuperar a flexibilidade perdida durante o tratamento. Todos os animais estão na fase inicial de treinamento, sendo acompanhados de perto por veterinários e zootecnistas.

Os treinos são cuidadosamente planejados e envolvem alimentação controlada e exercícios de fortalecimento muscular. O processo é lento e gradual, podendo levar meses até que as aves estejam prontas para voos longos e, em alguns casos, para o retorno ao seu habitat natural. O controle de peso é um aspecto crucial, com cada grama fazendo diferença na reabilitação. “Como nós estamos visando o voo, a reabilitação em voo, eu preciso que o peso seja muito adequado. Aqui nesse setor e nessas condições, cada grama é fundamental”, destaca o zootecnista Alexandre Gouvea, responsável pelo Bosque e pelo Cetras.

O treinamento é dividido em etapas. Inicialmente, as aves se acostumam com os equipamentos utilizados pelos profissionais. Em seguida, aprendem a se empoleirar no braço do treinador, antes de iniciar os primeiros saltos e, gradualmente, aumentar as distâncias de voo.

Os visitantes do Bosque têm a oportunidade de acompanhar parte dos treinamentos, que acontecem ao ar livre, no meio do parque, de quarta-feira a domingo, das 15h30 às 16h.

Além da recuperação física, o projeto proporciona bem-estar aos animais. O gavião-carijó Zé, que ficou cego e não pode ser devolvido à natureza, encontrou uma nova chance de vida através da falcoaria. “Esse indivíduo não tem a menor condição de voltar para a natureza sem a visão, portanto, eles permanecem na instituição zoológica, participando desse treinamento para ter qualidade de vida. É um animal que no recinto não conseguiria se alimentar sozinho, ele tem dignidade, tem qualidade de vida”, afirma Pedro Favaretto.

A iniciativa também desempenha um papel fundamental na educação ambiental, conscientizando sobre a importância da preservação da fauna. O projeto oferece uma oportunidade única de cuidar e dar uma nova vida aos animais, permitindo que eles voem novamente.

Fonte: g1.globo.com

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