A construção de cabos submarinos, essenciais para a infraestrutura da internet global, enfrenta significativos atrasos e interrupções no Mar Vermelho. Projetos de grande porte, incluindo iniciativas da Meta (2Africa) e do Google (Blue-Raman), estão entre os afetados pela crescente instabilidade na região.
O Mar Vermelho, historicamente uma rota crucial para conectar Europa, Ásia e África, tornou-se um ponto de risco para navios e embarcações especializadas na instalação de cabos submarinos. A escalada das tensões geopolíticas e a persistência de ameaças à segurança têm dificultado as operações.
Nos últimos dois anos, ataques de mísseis lançados por grupos atuantes na região forçaram o desvio de navios de carga e a interrupção de atividades técnicas. Esses eventos impactam diretamente a expansão da infraestrutura global de internet, uma vez que cabos submarinos são responsáveis por mais de 95% do tráfego de dados mundial.
A região, antes vista como a rota mais direta e econômica para o tráfego de dados entre continentes, agora representa um obstáculo. A consolidação da área como zona de conflito aumenta a complexidade e os riscos associados à instalação de cabos. Além das disputas territoriais, a obtenção de licenças exige negociações delicadas, adicionando pressão a um processo já complexo.
O projeto 2Africa, liderado pela Meta, enfrenta desafios com um segmento inacabado no Mar Vermelho, enquanto o Blue-Raman, apoiado pelo Google, também teve seu cronograma de implementação adiado. Outros sistemas importantes, como India-Europe-Xpress, Sea-Me-We 6 e Africa-1, também registram lentidão no avanço na região.
O impacto dessas interrupções já se reflete no mercado. A dificuldade em colocar os cabos em operação impede que proprietários e investidores monetizem seus investimentos, obrigando-os a buscar rotas alternativas para atender à demanda existente. Em países com menor conectividade, a situação agrava o fornecimento de banda larga, mantendo os preços elevados e a velocidade da internet reduzida.
Diante desse cenário, empresas de tecnologia e telecomunicações estão redesenhando suas rotas globais de tráfego, buscando alternativas para diminuir a dependência do Mar Vermelho. A diversificação de caminhos, que envolve decisões técnicas e diplomáticas, é a estratégia central.
A Meta, por exemplo, participa de aproximadamente 24 projetos de cabos ao redor do mundo, visando aumentar a resiliência de sua rede. Rotas terrestres, antes consideradas inviáveis economicamente, como as que atravessam Bahrein e Arábia Saudita, ganham relevância como alternativas para contornar a região instável.
Até mesmo o caminho pelo Iraque, historicamente evitado devido a riscos geopolíticos, passou a ser avaliado. Algumas empresas já adquiriram capacidade na chamada Rota da Seda. A complexidade da situação também leva empresas a considerar táticas diplomáticas incomuns, como a busca por autorizações especiais para negociar diretamente com governos locais. Há ainda a possibilidade de solicitar apoio de organizações internacionais para garantir a segurança das operações.
Fonte: olhardigital.com.br

