Guaxinins que vivem em áreas urbanas estão apresentando sinais de domesticação, impulsionados principalmente pelo acesso facilitado ao lixo humano como fonte de alimento. A conclusão é resultado de uma análise de imagens que revelou mudanças físicas e comportamentais nesses mamíferos.
Um estudo liderado pela Universidade do Arkansas em Little Rock, nos Estados Unidos, investigou essa transformação através de fotos enviadas para a plataforma de ciência cidadã iNaturalist. Os resultados, publicados na revista científica Frontiers in Zoology no início de outubro, apontam para uma adaptação dos guaxinins ao ambiente urbano.
Uma das características marcantes da domesticação é a redução da agressividade em relação aos humanos, um traço também observado nos guaxinins urbanos. Adicionalmente, a análise revelou atributos físicos distintos: os guaxinins que habitam áreas urbanas exibem focinhos mais curtos em comparação com seus congêneres rurais.
“Queríamos saber se viver em um ambiente urbano poderia impulsionar os processos de domesticação em animais que atualmente não são domesticados. Será que os guaxinins estariam no caminho da domesticação simplesmente por conviverem perto de humanos? O lixo é realmente o ponto de partida. Onde quer que os humanos vão, há lixo. Os animais adoram nosso lixo. É uma fonte fácil de alimento”, explica Raffaela Lesch, autora principal do estudo.
Para a investigação, Lesch contou com a colaboração de 16 estudantes, que analisaram cerca de 200 mil fotografias em busca de indícios de domesticação nos guaxinins. A análise se concentrou em diversos atributos, como focinhos menores, orelhas caídas, manchas brancas e menor receio da presença humana.
O principal achado foi a identificação de focinhos aproximadamente 3,5% mais curtos nos guaxinins urbanos em relação aos rurais. Essa característica é frequentemente observada no início do processo de domesticação e pode estar relacionada a alterações genéticas no desenvolvimento do animal.
Os pesquisadores sugerem que a diminuição do medo em relação aos humanos, observada nos guaxinins urbanos, pode representar uma nova forma de seleção natural no futuro. A equipe planeja realizar estudos adicionais para avaliar se o mesmo fenômeno está ocorrendo em outros mamíferos que habitam o ambiente urbano, como gambás. O objetivo é determinar se a mera presença humana é suficiente para desencadear o processo de domesticação em uma espécie.
Fonte: www.metropoles.com

