Duas semanas após o fechamento de três asilos clandestinos em Ribeirão Preto (SP), as investigações da Polícia Civil se aprofundam, buscando não apenas consolidar as acusações contra Eva Maria de Lima, responsável pelos estabelecimentos, mas também identificar outros possíveis envolvidos, incluindo familiares dos idosos.
O delegado Haroldo Chaud expressou surpresa com as condições precárias encontradas nas clínicas, descrevendo-as como “depósitos de idosos” sem a menor condição técnica ou de higiene. As autoridades resgataram 36 pacientes das unidades “Meu Doce Lar” no dia 2 de novembro, com sete deles necessitando internação imediata devido ao seu estado de saúde.
As investigações, que envolvem o Ministério Público, a Vigilância Sanitária, as secretarias de Assistência Social e Saúde, e a Polícia Civil, tiveram início em abril deste ano, motivadas por suspeitas de maus-tratos, condições insalubres e alimentação inadequada. A mensalidade cobrada das famílias era de R$ 2,5 mil. A responsável pelos asilos nega as acusações.
Os estabelecimentos, localizados na Vila Seixas e no Alto da Boa Vista, operavam ilegalmente, desrespeitando ordens judiciais de interdição e acolhendo novos moradores. Após o fechamento, parte dos idosos foi acolhida por familiares e outra parte por uma instituição filantrópica.
Até o momento, apenas familiares das vítimas e a investigada foram ouvidos. Os familiares alegaram surpresa com as condições precárias dos asilos, afirmando desconhecer a situação. A Polícia Civil enfrenta dificuldades em obter depoimentos dos idosos devido às suas condições de saúde e comorbidades, como Alzheimer. A colaboração da Secretaria Municipal de Saúde é essencial para identificar aqueles em condições de prestar depoimento.
Um dos principais objetivos da investigação é determinar se os idosos foram internados voluntariamente ou forçados a permanecer nos asilos. Caso se confirme a internação forçada, um novo inquérito poderá ser instaurado para investigar os responsáveis.
Familiares podem ser responsabilizados caso haja evidências de que tinham conhecimento das condições precárias e da possível coação dos idosos. A Polícia Civil também está trabalhando para localizar familiares que não foram encontrados após a operação de resgate.
A responsável pelos asilos, Eva Maria de Lima, presa preventivamente, optou por permanecer em silêncio durante o depoimento. Ela poderá responder pelo crime previsto no artigo 99 do Estatuto do Idoso, que trata de maus-tratos, expondo a integridade e a saúde de idosos a condições desumanas ou degradantes, ou privando-os de alimentos e cuidados indispensáveis.
Fonte: g1.globo.com

