Escolas municipais em Franca, interior de São Paulo, implementaram uma mudança significativa para seus alunos: a substituição das tradicionais sirenes por músicas suaves. A iniciativa visa minimizar crises sensoriais em estudantes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e outras condições que causam hipersensibilidade auditiva.
Inicialmente, o sistema foi instalado em duas escolas: a Professor Augusto Marques, localizada no bairro Cidade Nova, e a Frei Germano de Annecy, no Parque Progresso. A rede municipal atende um total de 16 mil alunos, dos quais 1.014 recebem educação especial. Desse grupo, estima-se que 600 estejam dentro do espectro autista.
Segundo a administração municipal, o som estridente das sirenes frequentemente levava a desregulação emocional e crises, culminando, em alguns casos, com a necessidade de os pais buscarem os filhos na escola.
Karla Janaine de Morais Borges, chefe de Projetos Especiais da Educação, explica que o projeto de substituição começou a ser desenvolvido em 2022, com foco em atender as necessidades dos alunos mais sensíveis ao som. A expectativa é que a mudança impacte positivamente cerca de 1.000 crianças com hipersensibilidade auditiva.
“Os alunos se desregulavam muito com a sirene estridente. A mudança beneficia crianças com autismo, deficiência intelectual e altas habilidades, que também podem ser sensíveis. Toda a escola passa a ter um ambiente mais adequado”, afirma Borges.
A psicopedagoga Flávia Serrano Mendes destaca o impacto imediato do sinal musical no comportamento dos estudantes. “A mudança reduz crises sensoriais, comportamentos de fuga e o estresse em sala de aula. A música cria uma transição mais tranquila entre as atividades”, explica.
Ainda neste ano, a prefeitura planeja expandir o sistema para outras 11 unidades escolares, utilizando recursos de um programa municipal dedicado à melhoria da infraestrutura escolar. A partir de 2026, a instalação será ampliada gradualmente para todas as escolas da rede municipal.
Fonte: g1.globo.com
