Com idades entre 72 e 85 anos, famílias, mas baixa renda. Este é o perfil dos 36 idosos que viviam em três casas de repouso clandestinas em Ribeirão Preto, interior de São Paulo. Após o resgate e a prisão da responsável pelas instalações, Eva Maria de Lima, os idosos foram realocados para outras instituições.
As casas de repouso, conhecidas como “Meu Doce Lar”, estavam sob determinação judicial de fechamento desde abril deste ano, mas Eva Maria de Lima desrespeitou as liminares, mantendo as casas abertas e inclusive aceitando novos residentes.
As famílias pagavam até R$ 2,5 mil mensais pelos serviços, valor que, segundo o promotor de Justiça da Pessoa Idosa, Carlos Cezar Barbosa, era frequentemente coberto pelo Benefício de Prestação Continuada (BPC), um auxílio do governo federal que garante um salário mínimo mensal a idosos de baixa renda com 65 anos ou mais. Em alguns casos, as famílias complementavam o valor do BPC para cobrir a mensalidade.
O promotor Barbosa ressalta que o valor cobrado era insuficiente para cobrir os custos adequados com os idosos e que o perfil dos residentes era de pessoas que deveriam ser acolhidas por instituições filantrópicas. Ele também aponta a carência de políticas públicas para acolher idosos carentes, doentes e em situação de vulnerabilidade em Ribeirão Preto, onde há uma fila de espera de 111 idosos aguardando vagas em instituições filantrópicas.
Outro ponto destacado pelo Ministério Público é que os idosos resgatados eram relativamente lúcidos e autônomos, apresentando, em sua maioria, graus 1 e 2 na escala de dependência. Isso significa que muitos ainda conseguiam se alimentar e realizar atividades diárias com certa independência, embora alguns necessitassem de auxílio para evitar quedas ou para se alimentar. Embora houvesse relatos de limitação no uso de fraldas, o promotor observou que não havia idosos totalmente acamados.
Após o resgate, sete idosos foram levados a unidades de saúde e internados, enquanto os outros 29 foram encaminhados para outras instituições sob os cuidados da Prefeitura de Ribeirão Preto. A Prefeitura de Brodowski, que custeava as despesas de dois idosos, rompeu o contrato com o “Meu Doce Lar” e transferiu os pacientes para outra casa de repouso. Os seis idosos que não tinham para onde ir foram encaminhados para a Casa do Vovô, onde permanecerão até que seus familiares se apresentem.
A defesa de Eva Maria de Lima nega as acusações e afirma que sempre houve cuidado, respeito e dedicação para proporcionar qualidade de vida aos idosos assistidos, todos de baixa renda e muitos abandonados pelas famílias.
Fonte: g1.globo.com

