O futuro dos sistemas multimídia nos carros, especialmente aqueles de origem chinesa que centralizam todas as funções do veículo em telas touch, pode estar prestes a mudar. O Latin NCAP, organização independente que avalia a segurança veicular na América Latina, está de olho nesses sistemas. A instituição, conhecida por testar itens como airbags e resistência a colisões, agora foca nas telas que controlam desde o velocímetro até o ar-condicionado.
A preocupação central do Latin NCAP reside no potencial de distração que essas telas representam para os motoristas. A migração de botões físicos para interfaces touch, segundo a organização, pode colocar o condutor em situações de risco. Diante disso, o órgão considera penalizar as montadoras que adotam esse tipo de controle.
O diretor-geral do Latin NCAP, Alejandro Furas, expressou a preocupação da instituição com os sistemas totalmente touch, enfatizando que a falta de contato físico pode gerar distração. Veículos com essas características serão avaliados e, possivelmente, penalizados.
Atualmente, o Latin NCAP avalia a segurança de carros de passeio em relação à proteção de adultos, crianças e pedestres, além das assistências nativas. Para analisar as telas multimídia, a organização planeja criar uma quinta área de estudo focada na percepção, visando mensurar como a operação do carro e outras variáveis podem influenciar a segurança de motoristas e passageiros. Essa nova área permitirá um panorama mais amplo da operação do veículo e o cálculo de variáveis que podem colocar o motorista em risco.
Um dos exemplos citados é o Volvo EX30, que exibe o velocímetro na central multimídia, exigindo que o motorista desvie o olhar da estrada. A BYD, em modelos anteriores, utilizava um sistema que exigia um movimento de arrastar para cima na tela para ajustar o ar-condicionado, algo que foi modificado em seus veículos mais recentes. A Tesla também é mencionada, com a Cybertruck, que não possui painéis físicos, concentrando todas as configurações em uma tela touch.
Além das telas multimídia, o Latin NCAP também critica a configuração de retrovisores por meio de joysticks digitais e o controle do sistema Adas (Sistemas Avançados de Assistência ao Condutor) através da central multimídia. A organização aponta que muitos veículos de origem chinesa permitem que o motorista desative assistências importantes, como o alerta de saída de faixa, o detector de placas e o alerta de velocidade. Para o Latin NCAP, esses recursos devem permanecer ativos por padrão, mesmo após o motorista desligar o veículo.
O Latin NCAP anunciou um novo protocolo, com início em 1º de janeiro de 2026, que tornará mais difícil para os veículos da região obterem as cinco estrelas de segurança. A partir de 2028, para alcançar a classificação máxima, os carros precisarão ter, como itens de série, controle eletrônico de estabilidade (ESC), aviso de cinto de segurança (SBR), sensor de ponto cego (BSD) e assistente automático de velocidade (ACC).
Fonte: olhardigital.com.br

