O lançamento de um foguete é um feito complexo que envolve inúmeras tecnologias e etapas cruciais. Um aspecto frequentemente negligenciado é a liberação de uma quantidade impressionante de água momentos antes da decolagem.

Essa água, usada em volumes que podem exceder 1 milhão de litros, desempenha um papel vital na proteção da estrutura do veículo espacial e na prevenção de danos.

Um especialista explica que o sistema de dilúvio opera em duas frentes principais: proteger a base contra temperaturas extremas e controlar o ruído gerado durante a decolagem. A magnitude do volume de água é justificada pela imensa energia liberada durante o lançamento de um foguete.

Para ilustrar essa força, um foguete pode gerar cerca de 240 gigawatts de potência durante a decolagem. Essa energia é suficiente para, em poucos minutos, produzir várias vezes a capacidade total da usina de Itaipu.

Em um determinado lançamento, a energia liberada foi tão intensa que disparou alarmes de carros a 15 quilômetros de distância e até quebrou ovos de pássaros nas proximidades da base.

A pressão sonora produzida pelos motores pode ultrapassar 180 decibéis, um nível muito superior ao limite da dor auditiva humana, que varia de 120 dB a 130 dB. Para mitigar esse ruído extremo, uma grande quantidade de água é liberada na plataforma.

O sistema de dilúvio transforma parte dessa energia sonora em calor e forma uma vasta nuvem de vapor que absorve e desvia as ondas sonoras refletidas no solo. Essa estratégia reduz as vibrações, protege a estrutura e previne falhas que poderiam comprometer a missão.

Além do ruído direto dos motores, a energia sonora também se propaga pela estrutura do foguete, afetando diversos componentes. Dentro da coifa, a estrutura que abriga a carga útil, as ondas sonoras podem ricochetear nas paredes internas, amplificando vibrações indesejadas.

O sistema de supressão sonora tem como objetivo principal mitigar esse efeito. A água é uma das técnicas empregadas, juntamente com materiais absorvedores, defletores de chama e configurações específicas da plataforma.

A utilização de grandes volumes de água levanta questões sobre desperdício e impacto ambiental. No entanto, nem toda a água é perdida. Uma parte pode ser tratada e reutilizada, dependendo da infraestrutura da base e das regulamentações locais.

Uma parcela evapora rapidamente devido ao calor, outra se perde naturalmente e parte pode ser contaminada por resíduos dos propelentes, necessitando de tratamento antes de retornar aos tanques ou ao meio ambiente.

Apesar do volume total ser expressivo, ele representa uma pequena fração do consumo global de água. Mesmo considerando mais de 250 lançamentos anuais, o volume utilizado equivale a uma porcentagem ínfima da água doce utilizada mundialmente.

A principal preocupação reside na possibilidade de contaminação, especialmente em lançamentos que utilizam propelentes sólidos.

Embora as agências espaciais implementem adaptações em suas plataformas, o princípio geral se mantém. A combinação de sistema de dilúvio com defletores é um padrão global para foguetes de alto empuxo.

Existem variações e pesquisas com espumas e materiais mais resistentes, mas nada substitui a água com a mesma simplicidade.

Fonte: www.metropoles.com

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