Em meio a uma escalada de tensão, a atuação dos Estados Unidos em relação à Venezuela tem gerado incertezas sobre os reais objetivos da Casa Branca. A crise já resultou na destruição de dezoito embarcações, na morte de ao menos 65 pessoas, classificadas como narcoterroristas pelo governo americano, e no deslocamento de uma parcela significativa da frota militar dos EUA para o Caribe.
A pressão exercida pelo governo americano sobre Nicolás Maduro tem como um dos seus pilares o apoio à oposição venezuelana, liderada por Maria Corina Machado. No entanto, a administração americana demonstra hesitação em definir se a campanha resultará em ataques dentro do território venezuelano ou em uma mudança de regime. O presidente americano avalia os riscos de uma operação militar mal-sucedida, que poderia impactar negativamente a imagem de seu governo.
Apesar das incertezas, a vencedora do Prêmio Nobel da Paz deste ano demonstra otimismo em relação à saída de Maduro do poder. Durante uma conferência empresarial em Miami, ela afirmou que o presidente americano irá solucionar o conflito.
Em seu primeiro mandato, Trump já havia enfrentado um revés ao reconhecer Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela, em uma tentativa de desafiar Maduro. No entanto, o presidente venezuelano, com o apoio das Forças Armadas, manteve-se no poder, que exerce há 12 anos, desde a morte de Hugo Chávez.
Em seu retorno à Casa Branca, o presidente americano intensificou a pressão sobre Maduro, posicionando uma frota militar no Caribe com o objetivo declarado de combater o narcotráfico. A ação busca acalmar a base eleitoral do movimento Maga e de latinos exilados de regimes ditatoriais da América Latina, contando com o apoio do Secretário de Estado.
Uma pesquisa recente revelou que a maioria dos americanos se opõe a uma intervenção militar na Venezuela. Apenas 30% demonstraram apoio a ataques militares contra embarcações e alvos terrestres venezuelanos.
Em uma reunião com parlamentares americanos, o Secretário de Estado e o chefe do Pentágono afirmaram que os EUA não planejam ataques dentro da Venezuela, alegando a inexistência de justificativa legal para tal.
Apesar disso, o Senado enviou uma mensagem de apoio ao presidente, rejeitando uma resolução que exigiria aprovação do Congresso para qualquer ação militar contra a Venezuela. Horas após a votação, foi anunciado mais um ataque a uma embarcação no Caribe.
Enquanto isso, Nicolás Maduro intensificou a repressão aos opositores e buscou apoio da Rússia para enfrentar a crise com os EUA.
De acordo com um analista político, a manutenção do status quo se tornou insustentável para a Venezuela. O regime depende da pressão militar externa para manter a coesão interna. A tensão central reside em um paradoxo estratégico autodestrutivo. A resolução da crise venezuelana será complexa e de alto risco, mas possível e necessária.
Fonte: g1.globo.com

