Ícone da Música Popular Brasileira (MPB) e fundador do Clube da Esquina, Lô Borges concedeu sua última entrevista dias antes de seu falecimento. A conversa, permeada por lembranças e reflexões sobre sua carreira, aconteceu antes de um show que o artista faria em Brasília, ao lado de Beto Guedes e Sérgio Hinds. A apresentação, no entanto, não ocorreu devido à internação de Borges na semana do evento.

Na entrevista, o cantor abriu o coração sobre sua trajetória, revisitando a adolescência e o marcante encontro com Milton Nascimento em Minas Gerais. Ele destacou a atmosfera singular de Santa Tereza, bairro de Belo Horizonte, que se transformou em fonte de inspiração para suas composições. “Apesar de nossas harmonias serem tipicamente uma marca registrada de BH e de Minas, os temas que tratamos em nossas músicas são universais”, afirmou, ressaltando a atemporalidade de obras como o álbum “Clube da Esquina” (1972).

Borges enfatizou a importância da cultura mineira em sua formação e carreira. “O bairro de Santa Tereza, onde eu nasci e, até hoje, grande parte da minha família reside, trouxe para mim e ainda traz para artistas da nova geração uma atmosfera especial e inspiradora”. Ele relembrou os tempos em que tocava violão na esquina da Rua Divinópolis com Rua Paraisópolis, um período crucial para seu aprendizado.

O músico também compartilhou detalhes sobre o encontro com Milton Nascimento, que culminou no icônico disco “Clube da Esquina”, e mencionou seu novo álbum, “Céu de Giz”, lançado neste ano. A faixa “Santa Tereza” presta uma homenagem ao bairro, com letra do compositor Zeca Baleiro, que viveu em Belo Horizonte.

Lô Borges comentou sobre o sucesso contínuo de canções como “Feira Moderna”, “Equatorial” e “Um Girassol da Cor do Seu Cabelo”, parcerias com Beto Guedes e Márcio Borges, respectivamente. “Acredito que elas se mantiveram vivas e atuais em função do caráter universal que conseguimos imprimir nelas, permanecendo perenes ao longo do tempo e das gerações”, declarou.

Ao abordar a nova geração musical, o artista citou bandas como Boogarins e Terno Rei, com quem colaborou recentemente. “Foi muito legal essa colaboração porque realmente se trata de um diálogo intergeracional, em que os artistas envolvidos se beneficiam mutualmente”. Ele ressaltou a influência do rock em sua obra e como as novas bandas reinterpretam essa influência em suas próprias linguagens.

Lô Borges faleceu aos 73 anos, após ser internado em decorrência de uma intoxicação medicamentosa. O velório foi realizado no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, aberto ao público, seguido pelo enterro restrito a familiares e amigos.

Fonte: www.metropoles.com

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