Entre equipamentos médicos, brinquedos e livros, professores especializados levam o ensino para dentro de hospitais, garantindo que crianças e adolescentes internados continuem aprendendo. A pedagogia hospitalar assegura o direito à educação de alunos que precisam se afastar da escola devido a problemas de saúde, transformando o ambiente hospitalar em uma extensão da sala de aula.
Em unidades como o Centro Infantil Boldrini, em Campinas, esses profissionais ajudam pacientes a manterem o vínculo com a escola, independentemente da complexidade ou duração do tratamento. A atuação abrange desde a alfabetização até o preparo para o vestibular.
A coordenadora de graduação em pedagogia, Lucelaine Zampolin, destaca que a profissão exige sensibilidade e preparo emocional. O pedagogo hospitalar precisa estar fortalecido para oferecer suporte aos alunos, especialmente em situações delicadas, como nos casos de cuidados paliativos.
A pedagogia hospitalar é definida como o atendimento educacional a crianças em idade escolar que estão temporariamente impossibilitadas de frequentar a escola devido a problemas de saúde. O atendimento pode ocorrer tanto no hospital quanto na residência do paciente, sendo realizado por pedagogos do hospital ou profissionais designados pelo sistema de ensino, após autorização médica e solicitação da família. O professor adapta o currículo escolar à condição do aluno, considerando suas necessidades físicas e emocionais.
Cibele Bitencourt, pedagoga com dez anos de experiência no Centro Infantil Boldrini, lidera a classe hospitalar que atende crianças e adolescentes em tratamento oncológico. Ela ressalta que, além de contribuir com o tratamento, a pedagogia hospitalar oferece esperança e demonstra que a internação é apenas uma fase. Os atendimentos ocorrem tanto na sala de aula do hospital quanto nos leitos, adaptando-se às necessidades individuais dos alunos, inclusive aqueles que já concluíram o tratamento, mas ainda estão em acompanhamento.
A equipe pedagógica do Boldrini mantém contato com a escola de origem e com a família do paciente, garantindo a continuidade do currículo e evitando atrasos ou evasão escolar. A equipe elabora os conteúdos no próprio local.
Para atuar na área, é necessário ter graduação em pedagogia e especialização em pedagogia hospitalar. Somente pedagogos podem realizar o trâmite legal entre o paciente e a instituição de ensino, garantindo que o período de afastamento seja reconhecido como etapa escolar.
A pedagogia hospitalar acompanha os estudantes em todas as etapas da vida escolar, inclusive na preparação para vestibulares. O Centro Infantil Boldrini é um polo de aplicação de provas como o ENEM, garantindo segurança e horários adequados. A equipe pedagógica também auxilia pacientes que adoecem após a inscrição em processos seletivos, solicitando a transferência da prova para o hospital.
Cibele Bitencourt relata com emoção a história de uma ex-aluna que retornou ao hospital para agradecer o apoio recebido, reconhecendo a importância da sala de apoio pedagógico em sua trajetória profissional. Lucelaine Zampolin também compartilha sua experiência com um aluno que sofreu um AVC e precisou de acompanhamento durante o processo de recuperação.
Fonte: g1.globo.com

