Um padre é acusado de invadir uma cerimônia de matriz africana realizada em um cemitério de Praia Grande, no litoral de São Paulo, e proferir ofensas racistas contra o líder religioso. O incidente teria ocorrido no dia 2 de novembro, Dia de Finados, dentro do Cemitério Morada da Grande Planície, no bairro Vila Antártica.

Segundo o boletim de ocorrência registrado pelo líder religioso, identificado como Leandro Oliveira Rocha, de 44 anos, o pároco interrompeu a celebração por volta das 15h28, momentos antes do horário previsto para o início de uma missa católica, agendada para as 16h. Rocha alega que o padre exigiu, aos gritos, que ele e os participantes da cerimônia de matriz africana deixassem o local.

Rocha afirma ter sido alvo de insultos raciais. “Ele me chamou de macaco, de nojento, de imundo”, declarou, expressando sua indignação diante do ocorrido. A esposa de Rocha, de 33 anos, começou a gravar a cena com seu celular. Em determinado momento, o líder religioso afirma que o padre agrediu sua esposa, batendo em sua mão e derrubando o aparelho. As imagens captadas mostram a comunidade religiosa local pedindo respeito e contestando a atitude do padre.

A Polícia Militar foi acionada, mas não teria conduzido os envolvidos à delegacia, sob a alegação de que o padre precisava realizar a missa.

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) confirmou que o caso foi registrado no 2º Distrito Policial (DP) da cidade, sob as tipificações de “ultraje a culto e impedimento ou perturbação de ato a ele relativo” e “injúria racial”. A SSP-SP informou que as investigações estão em andamento para esclarecer os fatos.

Até o momento, não foi possível contatar o padre para obter sua versão dos acontecimentos. A administração municipal também não se manifestou sobre o caso.

Em resposta, a Paróquia Nossa Senhora das Graças informou que a escala de horários do cemitério é definida pela Prefeitura de Praia Grande, destinando cerca de 60 minutos para cada instituição religiosa. Segundo a paróquia, a celebração de matriz africana teria se estendido além do horário previsto, e o padre teria solicitado a conclusão da cerimônia para permitir a preparação da missa católica. A igreja afirma que o padre permaneceu em silêncio após entrar no local com um grupo de fiéis e nega que ele tenha se dirigido a qualquer pessoa presente. A paróquia declarou repudiar qualquer forma de discriminação, intolerância ou violência, e confia na apuração dos fatos pelas autoridades competentes.

Fonte: g1.globo.com

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