Após o anúncio do governo de São Paulo sobre o “fim” da Cracolândia, o vice-governador Felicio Ramuth, coordenador das ações na região, refutou a percepção de que os usuários de drogas foram simplesmente dispersados para outras áreas da cidade. Ramuth assegura que a Cracolândia como era conhecida, um “território de ausência do poder público”, não existe mais e não será tolerada novamente.
Segundo o vice-governador, a erradicação da Cracolândia foi resultado de um trabalho contínuo de dois anos e meio, baseado em uma estratégia multifacetada que envolveu a retomada do território pelo Estado, combinando segurança, saúde e assistência social.
Ramuth apresentou dados que, segundo ele, comprovam a eficácia da estratégia. Mais de 1.500 traficantes foram presos, tecnologias de vigilância foram implementadas e, principalmente, houve um foco intensivo no tratamento de dependentes químicos. O vice-governador destacou que foram realizadas 28.000 internações, e o Hub de Cuidado em Crack e Outras Drogas efetuou 35.000 atendimentos. As internações foram realizadas tanto em hospitais especializados quanto em comunidades terapêuticas.
O governo também implementou programas de reintegração social, como o Programa Operação Trabalho (POT), que oferece uma bolsa de R$ 1.200, e a criação de 40 “Casas Terapêuticas” e “Casas Prevenir”, que fornecem suporte aos recuperandos e suas famílias.
Ao abordar a persistência de grupos em outras áreas, Ramuth diferenciou a população em situação de rua, que se agrupa por segurança, da formação de novas “cracolândias”. Ele mencionou um levantamento recente em um ponto na Barra Funda, onde apenas 8% dos abordados eram oriundos da antiga cena de uso. Segundo ele, a presença constante do Estado tornou a região menos atrativa para o afluxo de pessoas em busca de um local para se esconder.
Outro ponto crucial na estratégia foi a intervenção na Favela do Moinho, que servia como base para o crime organizado que abastecia a Cracolândia. A operação resultou na prisão de lideranças do tráfico e ofereceu moradia digna para mais de 800 famílias.
Embora o governo reconheça que o consumo de drogas na cidade continua sendo um desafio, reitera que a cena de uso aberto e o território sem lei que caracterizavam a Cracolândia foram extintos por meio de uma estratégia contínua e integrada. Ramuth enfatizou que o trabalho é “baseado em ciência e evidências”.
Fonte: jovempan.com.br

