Uma equipe médica interrompeu o uso do medicamento pregrabalina em Jair Bolsonaro, que está detido na Superintendência da Polícia Federal em Brasília. A decisão foi tomada após o ex-presidente relatar alucinações. Segundo o boletim médico divulgado pelos médicos Claudio Birolini e Leandro Echenique, a medicação teria sido prescrita por outro profissional sem o conhecimento da equipe responsável pelo acompanhamento de Bolsonaro.

Os médicos informaram que o uso da pregrabalina, um anticonvulsivo, pode causar efeitos colaterais como alucinações, especialmente quando combinado com outros medicamentos que Bolsonaro já utiliza. O ex-presidente teria relatado ter passado por um “surto”.

Em depoimento, Bolsonaro afirmou ter tido uma alucinação de que havia um dispositivo de escuta dentro de um equipamento eletrônico. Ele também admitiu ter tentado violar sua tornozeleira eletrônica com um ferro de solda, alegando não ter recebido ajuda e que ninguém presenciou o ocorrido. Ele justificou a posse do ferro de solda como algo que já possuía.

O ex-presidente relatou ainda que, cerca de quatro dias antes de sua prisão, começou a tomar sertralina, um antidepressivo, e que a combinação com a pregabalina pode ter causado uma interação adversa. Ele também mencionou dificuldades para dormir. A defesa de Bolsonaro tem utilizado argumentos semelhantes.

Bolsonaro está detido em uma sala especial reservada para autoridades, semelhante ao que ocorreu com Lula e Michel Temer. A determinação judicial garante atendimento médico permanente ao ex-presidente e proíbe o uso de algemas ou exposição pública durante a prisão. Todas as visitas, exceto as de advogados e médicos, devem ser autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

A prisão preventiva foi decretada após a perícia identificar marcas de calor na tornozeleira eletrônica, indicando uma tentativa de violação. O ministro Alexandre de Moraes considerou a tentativa de adulteração e o risco de fuga como fatores determinantes para a decretação da prisão preventiva.

Em setembro, Bolsonaro e seus aliados foram condenados por crimes relacionados à tentativa de golpe de Estado durante os eventos de 8 de Janeiro. Apesar das penas elevadas, a prisão só ocorrerá após o trânsito em julgado, e a defesa já anunciou que recorrerá da decisão. Anteriormente, a defesa havia solicitado que Bolsonaro cumprisse eventual pena em regime domiciliar, alegando seu estado de saúde debilitado.

A prisão do ex-presidente gerou reações entre seus aliados. Michelle Bolsonaro afirmou que “querem calar a voz” de seu marido, enquanto Flávio Bolsonaro falou em perseguição. Governadores aliados, como Tarcísio de Freitas, manifestaram solidariedade e expressaram crença na inocência de Bolsonaro. No Congresso, parlamentares do PL criticaram a prisão, enquanto líderes governistas defenderam a legalidade da decisão. Lula preferiu não comentar o caso diretamente, mas afirmou que “todo mundo sabe o que Bolsonaro fez”.

Fonte: jovempan.com.br

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