Nos últimos dez anos, a cesta básica passou por uma notável evolução, transcendendo sua função original de suprir necessidades básicas para se tornar um reflexo das mudanças nos hábitos alimentares e prioridades das famílias brasileiras. Essa transformação, impulsionada por fatores econômicos, sociais e culturais, também se estendeu às tradicionais cestas de Natal, revelando um panorama mais amplo sobre como o país se alimenta, se organiza e celebra.
Outrora composta quase que exclusivamente por itens de subsistência, a cesta básica atual apresenta uma composição mais diversificada, alinhada com o estilo de vida do trabalhador urbano. Empresas têm incorporado produtos que facilitam o cotidiano, aumentam a durabilidade dos alimentos e oferecem maior segurança alimentar, elementos cruciais em um contexto de aumento do custo de vida e diminuição do poder de compra.
Especialistas em consumo destacam que a inclusão de produtos integrais, farinhas versáteis, enlatados com menor teor de sódio e itens que priorizam a praticidade demonstra uma mudança significativa: a cesta básica acompanhou a evolução dos hábitos domésticos, refletindo uma rotina mais acelerada, exigente e menos artesanal.
Essa transformação da cesta básica exerceu influência direta na cesta de Natal, que deixou de ser apenas uma lembrança anual para se tornar um gesto afetivo e estratégico. As empresas reconhecem que a cesta de Natal representa um benefício que se conecta diretamente à memória emocional dos brasileiros, o que resultou em uma revisão da sua composição.
Se antes a cesta natalina se resumia a um panetone e produtos festivos, agora é comum encontrar um equilíbrio entre tradição e utilidade, com itens que celebram o período e, ao mesmo tempo, contribuem para a rotina familiar. O panetone, embora ainda protagonista, ganhou versões mais elaboradas, com recheios, embalagens diferenciadas e marcas reconhecidas. Paralelamente, a presença de alimentos básicos dentro da cesta de Natal aumentou, reforçando o cuidado iniciado ao longo do ano com a cesta básica.
Analistas de comportamento de consumo enfatizam que a sofisticação da cesta básica reside em sua capacidade de se aproximar da realidade das famílias, considerando suas escolhas, restrições e desafios. Quando isso acontece, a cesta de Natal também se transforma, integrando-se à cultura da empresa e criando um elo de cuidado contínuo, desde o dia a dia até as festas de fim de ano.
Em suma, tanto a cesta básica quanto a cesta de Natal evoluíram sem perder sua essência: garantir alimento, dignidade e presença. A cesta básica reflete os hábitos alimentares do país, enquanto a cesta de Natal ilustra a forma como o país celebra. Juntas, contam uma história que transcende os números, encontrando seu lugar à mesa, na família e no cotidiano de milhões de brasileiros.
Fonte: g1.globo.com

