O ministro da Fazenda, celebrou a aprovação da lei que isenta do Imposto de Renda (IR) os trabalhadores que recebem até R$ 5 mil mensais. Em discurso, ele classificou a medida como um “resgate da política com dignidade”, ressaltando que a alteração na tabela do IR representa uma mudança na forma como o governo lida com os ajustes fiscais no país. Segundo o ministro, pela primeira vez, o equilíbrio das contas públicas não será alcançado às custas da população de baixa renda.
Haddad explicou o mecanismo financeiro que tornou possível o cumprimento da promessa, considerada por muitos como inviável. Ele assegurou que a isenção não resultará em aumento da carga tributária geral, mas sim em uma redistribuição de responsabilidades.
Para financiar o benefício – que também oferecerá alíquotas reduzidas para quem ganha entre R$ 5.000 e R$ 7.350 – o governo passará a tributar setores que anteriormente se beneficiavam de isenção quase total. De acordo com dados apresentados, cerca de 140 mil pessoas com rendimentos superiores a R$ 100 mil por mês, o equivalente a 1% da população, passarão a pagar uma alíquota média de 10%. Antes, a média paga por esse grupo era de apenas 2,5%.
O ministro criticou o modelo tradicional de ajuste das contas públicas no país. Ele lembrou que, em décadas passadas, buscar o equilíbrio fiscal significava punir os trabalhadores, congelando o salário mínimo e os salários dos servidores, além da própria tabela do Imposto de Renda.
“Dessa vez, resolvemos fazer diferente”, afirmou Haddad. O novo modelo prioriza o corte de gastos tributários (isenções fiscais) de empresas que não necessitam mais de auxílio estatal, pondo fim ao que ele chamou de “Bolsa Empresário”.
O discurso também abordou a desigualdade social no Brasil. Haddad destacou que, embora parte da sociedade deseje padrões de vida europeus ou norte-americanos, a distribuição de renda no Brasil é pior do que a de 47 dos 54 países do continente africano.
O ministro reforçou que a redução da desigualdade – medida pelo índice de Gini, que deve atingir seu melhor patamar histórico – não significa retirar espaço de quem já o possui, mas sim ampliar oportunidades. Ele comparou a situação com a criação das cotas universitárias, lembrando que a inclusão foi feita através da expansão de vagas, e não da exclusão.
A aprovação do projeto, que ocorreu por unanimidade no Congresso Nacional, foi citada como um exemplo de união em torno de “grandes causas”. Haddad agradeceu o empenho dos presidentes da Câmara e do Senado, fundamentais para que a medida fosse aprovada ainda em 2025 e entrasse em vigor em janeiro do próximo ano.
Ao concluir, o titular da Fazenda projetou um cenário econômico otimista para o fim do mandato, citando a menor inflação e o menor desemprego dos últimos quatro anos, além de resultados primários positivos nas contas públicas previstos para o próximo ano.
Fonte: jovempan.com.br

