Um idoso de 71 anos, identificado como Antonio, está sob os cuidados de uma instituição filantrópica após ser resgatado de um asilo clandestino em Ribeirão Preto, São Paulo. A empresária Vanessa Garcia Delói, sobrinha de Antonio, relatou o estado de choque do tio após a experiência traumática. “Ele chorou muito, a gente chorou bastante. Ele está bem assustado, mas agora eu consigo ver que ele falou que ele está sendo tratado, que ele vai ter um lar”, afirmou Vanessa.
Segundo Vanessa, o acesso de familiares ao asilo era severamente restrito, com agendamento prévio obrigatório para as visitas. Ela alega que o esquema era uma forma de mascarar as condições precárias e os supostos maus-tratos aos quais os residentes eram submetidos. “Eu queria ir vê-lo e tinha que marcar horário, o portão não tem campainha. Eu cansei, eu batia e ninguém atendia e a gente via que tinha gente lá. Tudo era agendado com uma semana de antecedência, para que eles pudessem arrumar e a gente só ficava no alpendre, não tinha acesso a quartos, outros lugares”, detalhou.
Antonio é um dos seis idosos que foram transferidos para a Casa do Vovô, uma entidade sem fins lucrativos escolhida pela prefeitura para abrigar os pacientes desamparados após o fechamento dos três asilos clandestinos administrados por Eva Maria de Lima, que foi presa sob suspeita de maus-tratos. Além dos seis idosos já acolhidos, outros 11, que estão recebendo atendimento na rede pública de saúde, devem ser transferidos para a instituição nos próximos dias. Na Casa do Vovô, os idosos recebem atendimento médico e psicológico, seis refeições diárias, medicação controlada e participam de atividades sociais.
As três casas de repouso mantidas por Eva Maria de Lima, localizadas no Alto da Boa Vista, Marincek e Centro, foram alvo de uma investigação conjunta do Ministério Público, Vigilância Sanitária, secretarias de Assistência Social e Saúde e Polícia Civil. A investigação, iniciada em abril, apura denúncias de que 36 idosos sofriam maus-tratos e viviam em condições de higiene precárias, com alimentação inadequada, apesar do pagamento de mensalidades de até R$ 2,5 mil.
“É assustador. Eu não tenho nem palavras. Se eu tô sentindo isso, eu imagino aqueles idosos”, desabafou Vanessa. Eva Maria de Lima pode responder por expor idoso a perigo à integridade e à saúde, física ou psíquica, submetendo-o a condições desumanas e degradantes ou privando-o de alimentos e cuidados indispensáveis, crimes previstos no Estatuto do Idoso. A acusada nega as alegações.
Fonte: g1.globo.com

