Uma escola municipal de educação infantil (emei) localizada na zona oeste de São Paulo foi palco de um episódio tenso na última semana, quando quatro policiais militares, um deles portando uma metralhadora, compareceram à instituição após a reclamação de um pai sobre uma atividade pedagógica que abordava a cultura de matriz africana. A ação policial causou temor e desconforto entre funcionários, alunos e seus familiares.

O incidente teve origem na insatisfação de um pai, que seria sargento da Polícia Militar, com um desenho da orixá Iansã, produzido por sua filha de quatro anos como parte de uma atividade baseada no livro “Ciranda em Aruanda”. Relatos indicam que, no dia anterior à visita da polícia, o pai já havia demonstrado seu descontentamento, chegando a danificar um mural com os trabalhos das crianças.

A direção da escola convidou o pai para uma reunião do Conselho Escolar, buscando esclarecer a proposta pedagógica da atividade. No entanto, o convite foi ignorado, e o pai optou por acionar a Polícia Militar. A equipe que atendeu à ocorrência não integrava a ronda escolar regular da área.

Uma funcionária da escola relatou ter sido abordada e questionada pelos policiais por aproximadamente 20 minutos. Testemunhas afirmam que os agentes classificaram o trabalho pedagógico como “ensino religioso” inadequado, argumentando que a criança estaria sendo exposta a uma religião diferente da sua.

Diante da repercussão do caso, a Polícia Militar instaurou um procedimento interno para apurar a conduta dos policiais envolvidos. As imagens das câmeras corporais dos agentes serão analisadas como parte da investigação. A Secretaria Municipal de Educação, por sua vez, reiterou que a atividade em questão integra o currículo antirracista da rede municipal, em cumprimento às leis federais que tornam obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e indígena.

Em resposta ao ocorrido, a comunidade escolar e moradores da região se mobilizaram e organizaram um abaixo-assinado em apoio aos profissionais da Emei Antônio Bento. O documento expressa “profunda preocupação e indignação” com a abordagem policial e exige a responsabilização do pai da aluna pelos danos materiais e pelo acionamento da PM, além de uma investigação sobre a conduta dos policiais por possível abuso de autoridade. Uma manifestação em defesa da escola e das práticas de educação antirracista está agendada para o dia 25.

Fonte: jovempan.com.br

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