A ex-Primeira-Ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina, foi condenada à morte nesta segunda-feira, após um longo julgamento por crimes contra a humanidade. A decisão judicial a considerou culpada por ordenar uma violenta repressão a manifestações estudantis ocorridas no ano passado.

O juiz Golam Mortuza Mozumder, ao anunciar a sentença, afirmou que “todos os elementos constitutivos de um crime contra a humanidade estão reunidos” justificando a pena máxima.

A ex-premiê, por sua vez, classificou a sentença como “enviesada e com motivação política”, questionando a imparcialidade do tribunal. Hasina argumentou que seu governo “perdeu o controle da situação” durante os protestos estudantis, mas negou que os eventos pudessem ser caracterizados como um ataque premeditado contra cidadãos. Ela também alegou não ter tido acesso à ampla defesa e manifestou o desejo de enfrentar seus acusadores em um tribunal justo, onde as provas pudessem ser devidamente avaliadas.

A condenação ocorre em um momento delicado para o país, meses antes das eleições parlamentares previstas para fevereiro. O partido de Hasina, a Liga Awami, foi impedido de concorrer, e há preocupações de que o veredito possa intensificar a instabilidade política e gerar novas revoltas populares antes da votação.

O Tribunal de Crimes Internacionais de Bangladesh, sediado em Daca, anunciou o veredito sob forte esquema de segurança. Hasina não estava presente, pois havia fugido para a Índia em agosto de 2024. Ela tem o direito de recorrer da sentença à Suprema Corte do país.

Sajeeb Wazed, filho e assessor de Hasina, declarou que a família não recorreria da decisão a menos que um governo democraticamente eleito assumisse o poder com a participação da Liga Awami.

Durante o julgamento, a acusação apresentou evidências de que Hasina teria ordenado o uso de força letal para reprimir uma série de protestos estudantis entre julho e agosto de 2024. Um relatório da ONU indicou que cerca de 1.400 pessoas podem ter morrido durante os protestos, a maioria por disparos das forças de segurança, e milhares ficaram feridas. Essa onda de violência foi considerada a maior em Bangladesh desde a guerra de independência, em 1971.

A defesa pública nomeada pelo Estado, que representou Hasina no julgamento, argumentou que as acusações eram infundadas e pediu sua absolvição. Antes do veredicto, Hasina já havia rejeitado as acusações e questionado a imparcialidade do tribunal, afirmando que uma condenação era “uma conclusão inevitável”.

Fonte: g1.globo.com

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