A morte de Ana Alice Santos França, de 11 anos, em Serrana, interior de São Paulo, abalou a família e a comunidade. A menina, que apresentava sinais de violência sexual, tinha planos de mudar-se para a casa do pai, Flávio Antunes de França.
Flávio revelou que Ana Alice manifestava o desejo de viver com ele, sem, contudo, abandonar o convívio com os irmãos. “Ela falava ‘pai, eu quero morar com o senhor, mas tem meus irmãos. Eu posso ficar lá e aqui?’ Eu falei que podia, eu estava preparando as coisas pra ela, o quartinho dela. Estava tudo pronto,” relatou o pai, visivelmente emocionado. Ele acrescentou que seu maior desejo era tê-la sob seus cuidados para evitar que algo de ruim acontecesse.
Ana Alice vivia com a mãe, dois irmãos de 19 e 15 anos, e o padrasto, Douglas Junior Nogueira, de 32 anos. O padrasto foi preso e é apontado como o principal suspeito no caso, embora negue as acusações. Segundo informações, ele concordou em fornecer amostras de sangue para comparação com material genético encontrado no corpo da vítima.
Durante o velório, o pai da menina expressou sua indignação e pediu punição severa para o responsável, defendendo até mesmo a pena de morte para crimes sexuais. “Violentaram minha filha, enforcaram minha filha, mataram minha filha, pelo amor de Deus. Tem que ter lei nesse Brasil. Essa pessoa não tem Deus. Tem que ter uma pena mais vigorosa. Estupro, tem que ter pena de morte para esse tipo de pessoa”, desabafou.
O caso ocorreu na noite da última terça-feira, quando Ana Alice permaneceu em casa com o padrasto e os irmãos enquanto a mãe, uma auxiliar de farmácia de 38 anos, estava no trabalho. O padrasto alegou à polícia que encontrou a menina desacordada na sala, por volta das 23h, quando se preparava para buscar a mãe da garota.
Inicialmente, a polícia foi informada de que a irmã de Ana Alice, ao retornar da igreja, auxiliou no socorro da menina, que foi levada à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e, posteriormente, transferida para a Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto. As autoridades ainda apuram se o irmão da vítima estava presente na residência durante todo o período.
O pai de Ana Alice foi informado pela ex-mulher sobre um suposto acidente sofrido pela filha. “Terça-feira ligaram pra mim e vi que era minha ex-mulher. Eu já levei um susto, porque eram 23h e quem liga pra mim é a minha filha, ela não é de ligar pra mim. Pensei ‘alguma coisa aconteceu’. Eu senti na hora, porque a gente é pai, sente. Falou ‘Flávio, sua filha teve um acidente, eu acho que ela tentou se enforcar’. Foi o que devem ter falado pra ela. Mas eu pensei ‘minha filha nunca ia se enforcar, eu conheço minha filha, é uma menina boa, nunca ia fazer isso na vida’,” disse Flávio.
O caso foi inicialmente tratado como tentativa de suicídio, pois a menina tinha um cordão de brinquedo enrolado no queixo. Contudo, exames no Hospital das Clínicas revelaram a presença de material semelhante a sêmen no corpo da garota, levantando a suspeita de abuso sexual. A perícia constatou também lesões na região genital e hematomas no pescoço.
A Polícia Civil aguarda os laudos do Instituto Médico Legal (IML) e do Instituto de Criminalística (IC) para determinar a causa da morte de Ana Alice. As investigações continuam, e outros familiares da criança deverão ser ouvidos nos próximos dias.
Fonte: g1.globo.com

