As histórias em quadrinhos, desde os clássicos gibis até as concisas tirinhas, tornaram-se um formato textual comum em exames vestibulares, como os da Unicamp, Fuvest e no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Sua relevância reside na habilidade de combinar as linguagens verbal e não verbal para construir narrativas que podem ser aplicadas a diversas disciplinas, abrangendo desde português até biologia e física.

A presença das tirinhas nos vestibulares se justifica por sua capacidade de aproximar o conteúdo programático de situações da vida real, como explica Liliane Negrão, especialista em gramática. Elas refletem o uso cotidiano da língua e abordam contextos variados, incluindo temas como política, meio ambiente, comportamento, saúde, geografia e história.

Os quadrinhos e tirinhas são um gênero textual narrativo e visual de curta duração, frequentemente organizado em quadros, que apresentam situações com nuances de humor, crítica ou reflexão. Essa combinação de texto (falas, legendas, onomatopeias) e imagens demanda uma interpretação crítica, senso de humor apurado e uma leitura contextualizada por parte dos candidatos.

A exigência da tirinha em provas de linguagens transcende a mera interpretação do humor. Questões podem envolver conceitos gramaticais e de comunicação, como figuras de linguagem e funções da língua, abordando tanto o sentido conotativo quanto o apelativo, e diferenciando o sentido literal do figurado.

A interpretação do sentido global da tirinha, a identificação de ironia ou humor, a análise da linguagem (uso de figuras de linguagem, ambiguidade, polissemia), a relação entre imagem e texto, o reconhecimento de críticas sociais e aspectos gramaticais contextualizados são elementos frequentemente avaliados.

O Enem, por exemplo, utiliza cartazes de campanhas de conscientização, como as de vacinação, combate às drogas e à violência, demonstrando a aplicação da língua a temas de interesse coletivo.

Ainda, há tirinhas que abordam questões geográficas ligadas a desastres naturais, devastação ambiental, poluição e aquecimento global, evidenciando a amplitude de temas que podem ser explorados.

Liliane Negrão destaca que os erros mais comuns dos candidatos decorrem da falta de atenção aos detalhes, pressa ou nervosismo, fatores que prejudicam a compreensão do enunciado e das alternativas.

A principal recomendação é a prática de uma leitura atenta, focando na produção de sentido e na compreensão dos elementos verbais e não verbais. É fundamental perceber se a imagem e o texto se complementam ou se opõem, o que pode indicar ironia ou duplo sentido.

Os exames podem exigir a interpretação de neologismos e a identificação da insatisfação expressa pelo personagem, assim como a percepção de que o autor usa elementos da linguagem com intenção.

A familiarização com a linguagem dos quadrinhos, por meio da leitura frequente, é uma forma de preparar-se para as provas, permitindo a compreensão do contexto da obra e aumentando a segurança na hora de responder. No entanto, as informações necessárias para a interpretação geralmente estão no próprio enunciado.

Em provas anteriores, tirinhas foram usadas para ilustrar conceitos de física e para questionar anseios presentes na sociedade contemporânea. A análise do quadrinho permitiu entender um conceito complexo de física de forma mais simples, enquanto em outra questão, o aluno precisou acionar os elementos da linguagem verbal e não verbal para identificar a crítica social presente na tirinha.

Fonte: g1.globo.com

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