A Polícia Federal concluiu, após perícia, que o ex-presidente Jair Bolsonaro tentou danificar sua tornozeleira eletrônica utilizando um ferro de solda. A análise técnica identificou um “aquecimento direcionado para abertura” no equipamento.
A perícia foi realizada com base em fotografias, análise microscópica detalhada, comparação com uma tornozeleira em perfeitas condições e exames de microfluorescência de Raios-x. Os peritos constataram a presença de ferro na área danificada, confirmando que as marcas encontradas são compatíveis com a aplicação de um ferro de solda.
Em depoimento, o ex-presidente alegou ter sofrido um “surto” e negou qualquer intenção de fuga. Segundo a ata da audiência, Bolsonaro relatou uma “alucinação” de que havia um dispositivo de escuta dentro da tornozeleira. Ele também afirmou que agiu sozinho e que ninguém presenciou a tentativa de danificar o equipamento. Questionado sobre o ferro de solda, ele confirmou que já possuía a ferramenta.
Bolsonaro também relatou que, cerca de quatro dias antes de sua prisão, começou a utilizar sertralina, um antidepressivo. Ele mencionou que o medicamento pode ter interagido de forma adversa com a pregabalina, um anticonvulsivo que já utilizava, e que estava enfrentando dificuldades para dormir.
A tentativa de danificar a tornozeleira foi um dos fatores considerados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para determinar a prisão do ex-presidente. Após a chegada à Superintendência da PF, a tornozeleira danificada foi removida e substituída. A Primeira Turma do STF confirmou a decisão de manter a prisão.
Bolsonaro está detido em uma sala de Estado na Superintendência da Polícia Federal, um espaço reservado para autoridades.
Em 11 de setembro, o Supremo Tribunal Federal condenou o ex-presidente e aliados pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado por violência e deterioração de patrimônio tombado.
A defesa do ex-presidente solicitou ao ministro Moraes que Bolsonaro cumpra a pena em regime domiciliar, alegando que seu estado de saúde debilitado impede que seja encaminhado a um presídio comum, o que representaria risco à sua vida. A defesa também informou que pretende apresentar embargos infringentes ao STF contra a condenação.
Fonte: jovempan.com.br

